sábado, 9 de agosto de 2014

CORUJA O SIMBOLO DA SABEDORIA


Por que a coruja é o símbolo da sabedoria?

Por que a coruja é o símbolo da sabedoria?

Ela possui olhos adaptados para enxergar no escuro e seu olhar, para os gregos, parecia simbolizar a racionalidade.

Na mitologia grega, a coruja era a mascote da deusa Atena, geralmente relacionada à Lua. Ave noturna, ela possui os olhos adaptados para localizar suas presas sob a fraca luminosidade do luar, não suportando, por isso mesmo, a luz do Sol. Para os antigos gregos, esse olhar tornou as corujas símbolo do conhecimento racional, em oposição ao conhecimento intuitivo. O primeiro tipo de conhecimento vem da reflexão racional sobre os fatos, enquanto a intuição vem da percepção simples e imediata das coisas. Ora, como as corujas se orientam pela reflexão (da luz solar na Lua) e não pela percepção direta (da luz solar), os gregos as associaram ao conhecimento, fruto da reflexão e as sabedoria.

Autor:Desconhecido

 

O CASAMENTO EM ROMA


Casamento em Roma: direito e dever de todo cidadão

Na cidade dos césares, o casamento era condição imprescindível para a manutenção da comunidade. Por isso, os solteiros eram até multados

BIBLIOTECA DO VATICANO

A celebração do casamento era um ato familiar, e não uma cerimônia religiosa. As núpcias de Aldobrandini (detalhe), afresco.

Casar é necessário ou não? Essa alternativa, que pode parecer totalmente banal, não encontra espaço em Roma: somente alguns irredutíveis contestadores (como os poetas Horácio ou Propércio) ousaram questionar a necessidade da união conjugal, uma vez que, para os cidadãos, o casamento era um dever que permitia o nascimento de filhos legítimos que poderiam herdar o patrimônio familiar. O matrimônio era, portanto, imprescindível à manutenção da comunidade social, e não uma união resultante da atração entre dois jovens. Era antes de tudo um acordo feito entre duas famílias.

Em Roma, o casamento era um direito cívico reservado aos cidadãos e às filhas dos cidadãos. Os demais moradores das fronteiras do império não tinham a possibilidade de se casar legalmente: eles só podiam contrair uniões qualificadas como concubinagem. Determinadas condições eram necessárias para a formação de um casal legítimo: interdição do incesto (mesmo sendo frequentes as uniões entre primos, sobretudo entre os germânicos), monogamia (no entanto, muitos homens abrigavam em seu domicílio uma concubina, que convivia com a esposa legítima), idade mínima legal (12 anos para as moças; 14 anos para os rapazes), consentimento dos futuros esposos e estabelecimento de um contrato entre as duas famílias.

Uma vez que o casamento era considerado indispensável à sobrevivência da sociedade, algumas leis instituídas por Augusto no ano 18 a.C. previam pesadas multas para os solteiros. Além disso, eles não podiam receber herança. E já que a procriação constituía a conclusão lógica do casamento, os homens casados e sem filhos eram também punidos de maneira similar.

MULHERES EMANCIPADAS Originalmente em Roma, o casamento era qualificado in manu, isto é, a mulher sob a autoridade do marido. Ela se tornava, por assim dizer, a filha deste último. No entanto, desde o século V a.C., o casamento in manu tendeu a desaparecer para dar lugar a uma união sine manu (sem autoridade): a mulher casada não passava mais da autoridade do pai à do marido, o que permitiria uma emancipação feminina em Roma.

A esposa dependia apenas de um tutor, escolhido fora de sua família, que podia ser trocado conforme sua vontade. A tutela se tornou uma formalidade que não trazia nenhum embaraço à liberdade da mulher. O casamento não era, então, em Roma, um fator de limitação aos direitos da mulher, uma notável exceção na Antiguidade.

ARLES MUSÉEE ARCHEOLOGIQUE

PADRE CICERO AOS 80 ANOS


PADRE CÍCERO AOS 80 ANOS DE IDADE


 

DATA DA FOTO: c.1924.

FOTÓGRAFO: Benjamin Abrahão.

LOCAL: Ceará, Brasil.

 

Padre Cícero Romão Batista foi um importante líder religioso brasileiro. Nasceu em 1844 no estado do Ceará. No ano de 1889, Padre Cícero ganhou notoriedade no Nordeste, pois um fato ganhou repercussão nacional. Conta-se que, durante uma missa na igreja de Juazeiro (Ceará), a hóstia consagrada por ele transformou-se em sangue na boca de uma mulher.

A população local passou a considerar o padre como um milagreiro. A Igreja Católica, não concordando com os acontecimentos, considerou-o como místico e o proibiu de exercer o sacerdócio. Viajou para Roma onde conseguiu a absolvição do Papa João XIII. Porém, continuou proibido de celebrar os rituais do catolicismo.

Entrou para a política e foi prefeito da cidade de Juazeiro por 15 anos. Morreu no ano de 1934, tornando-se uma das principais figuras religiosas da história do país. Até hoje, o túmulo de Padre Cícero é um dos pontos de peregrinação mais importantes do Brasil. 

 

Obs. Todas as informações dessa postagem (crédito e texto) são merecidamente de autoria do Sr. Fernando Rabelo, cujo blog é http://imagesvisions.blogspot.com.br.

quarta-feira, 6 de agosto de 2014

A QUESTÃO AGRÁRIA NA ROMA ANTIGA


 

O processo de expansão territorial romano foi agente determinante para que este reino se enriquecesse e se transformasse em um dos mais poderosos impérios de toda a Antiguidade. Contudo, sem antes contar com uma política de distribuição das terras conquistadas, percebemos que a riqueza gerada por essas propriedades ocasionou fortes tensões políticas no interior da República Romana.

Com o passar do tempo, os grandes proprietários de terra – na maioria, patrícios ligados ao Senado – passaram a ameaçar a subsistência dos pequenos proprietários. Contudo, algumas transformações na organização política das assembleias foram de suma importância para que essa situação se modificasse. Por volta do século II a.C., uma nova lei instituiu a adoção do voto secreto para a escolha dos magistrados.

Essa transformação permitiu que os irmãos Tibério e Caio Graco fossem eleitos como tribunos da plebe e elaborassem leis que promoveriam uma grande reforma agrária nos territórios romanos. Em 133 a.C., Tibério Graco foi eleito tribuno da plebe e conseguiu a aprovação de uma lei que delimitava a extensão das terras da nobreza e permitia a distribuição de terras públicas aos menos favorecidos.

Contudo, apesar de promover uma transformação benéfica a uma parcela significativa da população romana, este não teve o apoio popular necessário para consolidar seu projeto. Acusado de tirania, por ter deposto um tribuno e conseguido a sua reeleição, Tibério foi, no ano seguinte a sua posse, assassinado junto a mais outros 500 políticos que apoiavam o processo de redistribuição de terras.

No ano de 125 a.C., uma reforma da lei romana passou a autorizar a reeleição dos tribunos da plebe. Aproveitando dessa mudança, Caio Graco assumiu seu segundo mandato como tribuno, em 123 a.C., e decidiu retomar o projeto de reforma agrária de seu falecido irmão. Contudo, para que seus objetivos fossem alcançados, teve o cuidado de ampliar suas bases de apoio político.

Inicialmente, buscou o apoio dos cavaleiros romanos ao aprovar uma lei que permitia a participação destes na administração das províncias e na organização dos órgãos judiciários dessa região. Logo em seguida, se aproximou das populações vizinhas à cidade de Roma. Em um novo projeto de lei, Caio Graco concedeu cidadania plena aos latinos e a cidadania parcial (sem direito de voto) aos demais habitantes da Península Itálica.

Alcançada a formação de seus grupos aliados, este astuto tribuno estabeleceu reformas que realizaram um novo modelo de distribuição das terras conquistadas em Tarento e Cápua. Além disso, conseguiu a aprovação da Lei Frumentária, que reduziu o valor de revenda do trigo para pessoas mais pobres. Reeleito em 122 a.C., Caio iniciou o projeto de fundação de uma colônia em Cartago.

Sentindo-se prejudicados por tais mudanças, os patrícios buscaram o apoio dos plebeus. Para consegui-lo, a elite romana argumentou que os plebeus poderiam perder a exclusividade de seus privilégios com a extensão da cidadania às populações vizinhas. Sem demora, os plebeus não concederam um novo mandato para Caio Graco, que em resposta tentou armar um golpe de Estado.

A ação gerou uma enorme conturbação social que desestabilizou o cenário político romano. O Senado decretou estado de sítio e concedeu poderes ilimitados aos cônsules. Mediante a pressão dos grandes proprietários e dos senadores, Caio Graco se refugiou no Monte Aventino junto de seus partidários. Observando que não poderia esboçar uma reação, Caio acabou ordenando que um de seus escravos o matasse.

Apesar do projeto dos irmãos Graco terem sofrido severa oposição, outras figuras políticas tentaram retomar o seu projeto. Em 91 a.C., o tribuno Marco Lívio Druso buscou aprovar uma lei de redistribuição de terras. Mais uma vez, os grandes proprietários armaram um golpe que resultou no assassinato do tribuno. Contudo, o evento foi responsável pela deflagração da Guerra Social, que entre os anos de 90 e 89 a.C. assinalou as tensões que tomavam Roma por causa da questão agrária.

Fonte:Rainer Sousa

REVOLUÇÃO NEOLITICA


 

Ao longo de todo o período Paleolítico, o homem desenvolveu uma série de habilidades físicas e técnicas que lhe permitiram aprimorar a sua vida na terra. Contudo, o aspecto rústico destes instrumentos lhe permitia realizar um campo bastante limitado de intervenções na natureza. Em geral, o indivíduo desse período histórico assegurava sua sobrevivência coletando alimentos oferecidos pela natureza ou realizando outras atividades, como a pesca e a caça.No momento em que alguma alteração climática ou esgotamento de recursos inviabilizasse a sua existência, nossos ancestrais paleolíticos se deslocavam no território em busca de um lugar que oferecesse melhores condições. Dessa forma, podemos avaliar que a vida nômade foi uma das mais importantes características que marcaram a vida humana até aquele momento. Contudo, estando em constante mudança, esse homem transformou o seu modo de vida com a chegada do período neolítico.

O fim da última era glacial transformou as condições climáticas em seus mais variados aspectos. A diminuição das temperaturas provocou a formação de um clima temperado em grande parte do continente europeu. O norte da África se transformou em uma região extremamente árida e a região do Saara sofreu um grande processo de desertificação de suas terras. Em meio a essas mudanças, homens e animais foram obrigados a se espalharem por regiões diversas em busca de água e vegetação.

Quando alcançamos a entrada do Neolítico, há cerca de dez mil anos, os grupos humanos existentes já acumulavam um variado leque de saberes apreendidos graças à sua habilidade de raciocínio. Ao longo do tempo, já sabiam distinguir quais tipos de fonte de alimento eram próprias para o seu consumo. Além disso, construíam pequenas embarcações e criavam utensílios mais resistentes do que aqueles que foram inicialmente desenvolvidos.

Foi nesse contexto que uma profunda transformação passou a se desenvolver no cotidiano do homem pré-histórico. A observância da própria natureza permitiu que as primeiras técnicas de cultivo agrícola fossem pioneiramente desenvolvidas. Com isso, a garantia de alimento se tornava cada vez mais acessível e a constante necessidade de deslocamento se tornou cada vez menor. Essa transformação, que se difundiu ao longo dos próximos seis mil anos, deu origem à chamada “Revolução Neolítica”.

Conforme indicado por alguns estudiosos, essa transformação, também conhecida como “Revolução Agrícola”, primeiro ocorreu na região do chamado Crescente Fértil, ampla faixa de terras que abrangia desde o Rio Nilo, indo até o lugar onde se encontram os rios Tigre e Eufrates, local onde hoje identificamos a Síria e o Iraque. Com o passar dos séculos, o aprimoramento dessas técnicas agrícolas e a sedentarização permitiram uma dieta alimentar mais rica e um expressivo crescimento dos grupos humanos.

Fonte:Rainer Sousa



O POLITEISMO E O CRISTIANISMO


Júpiter.para os romanos ou Zeus para os gregos.
 

A religião sempre desempenhou um papel fundamental entre os romanos. No âmbito doméstico, as famílias se reuniam para adorar seus ancestrais no culto aos deuses lares. Em todas as casas havia uma capela – o lararium – e um altar com um fogo aceso. Ali se reuniam as pessoas para fazer oferendas e orações. Também eram adorados os penates, deuses protetores das dispensas e dos víveres domésticos. Na esfera pública, religião e política se sobrepunham. Os sacerdotes formavam um subgrupo de elite que dava conselhos políticos e fazia rituais e sacrifícios.

Muitos deuses romanos eram de origem estrangeira, sobretudo grega: Júpiter, por exemplo  correspondia a ZeusVênus deusa do amor era identificada comoAfrodite. Com Otávio, o culto religioso concentrou-se também na figura do imperador, que, ao adotar o nome Augusto, passou a ser considerado um deus.

  Entretanto, no final do período republicano, parte da população passou a seguir doutrinas que pregavam o aperfeiçoamento interior a crença na vida após a morte. Particularmente importante foi o cristianismo, religião monoteísta originária do judaísmo.

O cristianismo baseia-se nos ensinamentos de Jesus, que teria vivido na Palestina no século I de nossa era, época em que a região era dominada pelos romanos. Seus seguidores – os cristãos – acreditavam ser Jesus o filho de Deus, enviado à Terra para pregar o amor ao próximo e redimir a humanidade de seus pecados.

Com sua doutrina, Jesus entrou em conflito com os sacerdotes judeus – que não o  reconheciam como o Messias enviado por Deus – e com as autoridades romanas, para as quais apenas o imperador tinha caráter divino. Além disso, ele pregava o amor universal, sem distinção entre ricos e pobres. Considerado perigoso pelos grupos  dominantes, Jesus foi condenado a morrer na cruz.

Após sua morte, seguidores de Jesus (chamado de Cristo, que em grego significa “o ungido”) se espalharam por diversas regiões e passaram a divulgar seus ensinamentos. A partir de então, o cristianismo alcançou uma rápida difusão. Durante certo tempo, os imperadores romanos viram na nova religião uma ameaça a seu poder e perseguiram as comunidades cristãs.

              (Fonte:  John Bowker. Para entender as religiões. São Paulo: Ática, 1997. p. 15, 144-6; Eduardo Hoornaert. Memória do povo cristão. Petrópolis: Vozes, 1986. p. 41-75.,)

Gislane e Reinaldo. História. ensino médio. volume único.

 

POR QUE ROMA DESMORONOU



Para o historiador inglês Peter Heather, a queda do Império Romano ocorreu não por causa da decadência política ou econômica, mas por pressões externas de povos bárbaros.

Era o fim. A fumaça e o fogo se espalharam pelo campo de batalha, e logo se misturou no ar um cheiro de suor, sangue e corpos queimados. Os cadáveres de 20 mil soldados romanos, dos 30 mil que haviam participado da luta, se espalhavam inertes pelo chão. O imperador Valenciano, que pessoalmente comandara o embate, também desapareceu naquele dia, 9 de agosto de 378, sem deixar vestígios. De acordo com relatos de sobreviventes, ele foi queimado vivo pelo inimigo. Os godos tinham vencido de maneira espetacular. O episódio, um divisor de água na história de Roma, ficou imortalizado como a Batalha de Adrianópolis (que aconteceu na região da atual Turquia). Nunca mais o mundo seria o mesmo. Cem anos depois, entraria em colapso a maior força política e militar de todos os tempos, o Império Romano do Ocidente – seu território se estendia da Itália ao norte da África e ao Oriente Médio.

Alguns anos antes da batalha, os godos já haviam penetrado na Turquia, saqueando cidades e provocando o caos. No ano de 378, pretendiam derrubar as portas de Adrianópolis, próxima a Constantinopla (atual Istambul), a capital do Império Romano do Oriente. Esse braço da administração imperial havia sido criado em 330 para facilitar o controle dos territórios na Europa Oriental, no norte da África, Turquia, Síria e Iraque.

Os romanos acreditaram que, como no passado, seria fácil derrotar os bárbaros. Então, como sempre, extrairiam um tratado de paz e teriam mais um reino-cliente, que compraria mercadorias fabricadas em Roma e cederiam guerreiros para lutar nas legiões quando fosse necessário. Mas eles não contavam que os godos não estariam sozinhos. Ao lado deles, para surpresa do imperador Valenciano, combatiam os temíveis hunos e os alanos.

Por trás da estrondosa vitória de 378 houve mais, entretanto, do que o fator surpresa. O desenvolvimento social, econômico e social das tribos bárbaras e sua convivência durante séculos com os costumes romanos explicariam, em grande parte, o sucesso na Batalha de Adrianópolis e nas campanhas seguintes. Em suma, causas externas, e não internas, seriam os principais responsáveis pelo desmoronamento da grande potência. Essa visão, sustentada pelo prestigiado historiador inglês Peter Heather, da Universidade de Oxford, contradiz as antigas versões sobre a queda do Império Romano. Sim, tudo aquilo que você aprendeu. Corrupção, colapso da economia e crise política? Esqueça, afirma Heather em seu livro The Fall of the Roman Empire – A New History of Rome and the Barbarian (“A Queda do Império Romano – Uma Nova História de Roma e dos Bárbaros”), publicado neste ano na Europa e nos Estados Unidos e ainda inédito no Brasil.

Para Heather, a economia romana estava bem, a corrupção era algo corriqueiro (e não era mais acentuada no final do império do que em seu início) e as trocas de imperadores, que realmente existiram nos séculos 4 e 5, não seriam motivos suficientes para explicar o colapso de Roma, fato que permanece como um dos maiores mistérios da Antiguidade. Afinal, perguntam-se até hoje os historiadores, como foi possível que rudimentares tribos bárbaras invadissem Roma? A resposta, para Heather, está em dois pilares: as migrações de grandes grupos bárbaros na Europa Oriental a partir do século 3 e a crescente sofisticação política, econômica e social de povos como os godos e vândalos.

A tese, como seria de se esperar, suscita polêmicas. Para Richard Saller, historiador da Universidade de Chicago e um dos maiores especialistas do mundo em Roma antiga, o raciocínio de Heather não é muito convincente. “A queda do Império Romano é uma questão muito grande e complicada para ter só uma explicação. Se a economia e o poderio militar de Roma estivessem crescendo, os ataques militares dos inimigos poderiam ter sido repelidos”, analisa. Heather, por sua vez, sustenta que os povos bárbaros mudaram, adotando uma organização política e uma nova inteligência que levaram a batalhas como a de Adrianópolis. “Além disso, não é possível afirmar que a economia de Roma estivesse mal. Foram tomadas, isso sim, medidas emergenciais para que mais legiões pudessem ser financiadas para vigiar as fronteiras no Oriente, então ameaçadas”, diz Heather.

Tudo havia começado, segundo o historiador inglês, com os bem-sucedidos ataques persas às forças romanas estacionadas no Oriente, no século 3. Pela primeira vez, os árabes representavam um obstáculo ao poderio do império. Segundo Heather, a origem do problema estava na própria dinâmica da hegemonia imperial. As repetidas vitórias das legiões na região causaram uma crise de poder nas lideranças do atual Irã, até que, no final do século 3, uma nova dinastia emergiu, os sassarianos. Eles marcharam sobre a Mesopotâmia (na região do atual Iraque) com muito mais eficiência do que seus antecessores, os arsacid. “O aparecimento de um super-rival foi um grande choque”, diz Heather em seu livro. E Roma precisava reagir.

Tempos de inflação

O grande desafio era mandar mais tropas para o Oriente, mas sem se descuidar das fronteiras da Europa, que desde o século 2 sofria ataques dos bárbaros. Mas era preciso criar recursos para financiar os reforços militares que protegeriam a região da Mesopotâmia. A solução foi desvalorizar a moeda, para ter mais dinheiro – aparecia aí, pela primeira vez de que se tem notícia, a inflação – e aumentar os impostos. Outra medida foi confiscar os recursos gerados pelas cidades – antes, os fundos podiam ser administrados pelos governadores locais. Os ajustes foram eficazes: em 298, os sassarianos finalmente foram derrotados.

E a economia não ficou em frangalhos depois disso? Para os adeptos da tese de que Roma caiu por causa de reveses econômicos e políticos, sim. Um dos defensores dessa interpretação é o historiador italiano Giovanni Cipriani, da Universidade de Lecce. “Criou-se a inflação, os camponeses ficaram mais pobres e antigos aliados de Roma, como os francos, não tinham mais tanto interesse em defender o império”, afirma Cipriani.

Segundo Heather, não foi bem assim. As províncias romanas, como as atuais França e Espanha, viviam na época um boom, com uma agricultura florescente e importações crescentes de artigos romanos, como cerâmicas, vidros, jóias. Por isso, a vida econômica do império não teria sofrido uma mudança tão grande a ponto de minar suas estruturas.

Para Heather, a grande questão é que, no século 4, a Europa vivia uma revolução sem precedentes. Grandes migrações ocorriam no continente, motivadas pelos avanços dos temidos hunos, uma tribo nômade originária da Mongólia que passou a procurar novas terras na Europa Central, expulsando os grupos de ali viviam. Ninguém sabe ao certo por que os hunos resolveram deixar sua terra natal. Uma hipótese é que eles tenham sido atraídos pela riqueza das vilas próximas às fronteiras do Império Romano, que se beneficiavam da necessidade de vender alimentos para as tropas romanas e fornecer serviços em geral.

Por onde passavam, os hunos espalhavam o terror. Eles faziam uma guerra-relâmpago, matando o maior número possível de pessoas em um curto espaço de tempo. Não contentes, saqueavam tudo o que viam pela frente. À primeira notícia de que os hunos estavam se aproximando, os povos em seu caminho fugiam apavorados. “Os alanos escaparam, empurrando os godos, que foram cair em cima dos romanos”, resumiu uma fonte da época, o bispo Ambrósio, de Milão.

Algumas vezes, as lideranças mais fortes desses grupos faziam alianças com os hunos, como na Batalha de Adrianópolis. De qualquer forma, o contato com os mongóis, se por um lado trazia medo, por outro ensinou às tribos européias novas táticas de guerra. E, para a felicidade delas, a necessidade de dobrar os resistentes persas tinha deixado as fronteiras da Europa menos guarnecidas. O Império Romano como um todo havia se voltado mais para o Oriente do que para o Ocidente. Os generais na Europa se viram sem liderança, e teve início uma anarquia militar que durou 50 anos, até meados do século 4. “Mas observa-se que, mais uma vez, tratava-se de problemas de ordem externa, e não interna”, diz Heather.

Bárbaros sofisticados

Para o azar dos romanos, nos últimos dois séculos os bárbaros haviam se sofisticado, e muito – para os historiadores, incluindo Heather, isso aconteceu em grande parte devido a uma convivência de séculos com Roma. Eles ainda eram analfabetos, mas já tinham lideranças fortes e certa coesão política – no passado, as tribos dificilmente se entediam entre si. No plano econômico, haviam descoberto novas técnicas agrícolas que aumentaram a produtividade, gerando riqueza. Além disso, as trocas comerciais com o Império Romano trouxeram ainda mais recursos. Uma elite se formava, pela primeira vez. E ela estava sedenta de autonomia política e independência total em relação às forças romanas.
“Os imperadores resistiram durante dois ou três séculos, mas depois não conseguiram mais segurar os bárbaros”, diz Heather. Nem todos especialistas concordam com essa teoria. Para Richard Saller, da Universidade de Chicago, se a economia do Império Romano estivesse em melhor estado – sem inflação e pesados impostos –, talvez houvesse uma possibilidade mais concreta de contra-atacar. “Mas, no século 5, já estava decretado o destino de Roma”, afirma.
Para atingir seu objetivo, as tribos partiram para a guerra, e para valer, freqüentemente fazendo alianças entre si – outro fato inédito. Os piores ataques foram comandados por líderes vândalos, alanos, suevos e godos, entre os anos de 405 e 408. Eles invadiram as fronteiras junto ao rio Danúbio e conquistaram a Espanha, a França e a Bélgica, então províncias romanas. Os hunos também não deram trégua, obrigando as legiões a combatê-los sistematicamente na região das atuais Áustria, Croácia, Hungria e Eslovênia. Nesse cenário, um grupo de godos conseguiu invadir Roma em agosto de 410, saqueando-a completamente por três dias. “O mundo romano estava abalado em suas fundações”, escreve Heather em sua obra.

Segundo o historiador, mesmo que quisessem as províncias não poderiam revidar. Novamente, acredita Heather, o problema era gerado muito mais fora do que dentro dos limites do Império Romano. Essa tese é controversa. Para outros estudiosos do tema, os povos dominados, por estarem descontentes com a política imperial, não resistiram tanto assim aos ataques. “Foi tudo muito rápido. E posso dizer que na França, por exemplo, já havia um desejo por autonomia, tanto é que alguns anos mais tarde se formaram os feudos e as monarquias locais”, diz o italiano Cipriani.

O Império Romano dava seu último suspiro no Ocidente. No Oriente, com sua capital na Turquia, sobreviveria até 1453, quando os turcos otomanos tomam Constantinopla. Emblematicamente, foi um líder meio huno, meio germânico, Odoacro, que em 4 de setembro de 476 colocou o Império Romano de joelhos. Ele obrigou o imperador Rômulo Augusto a renunciar, com consentimento da administração da outra ponta do império, em Constantinopla, e passou a ser o governador da Itália. Os romanos deixam de ser os donos do Ocidente. Foi o fim da maior civilização que já havia existido. “E, com certeza, não por decadência dos romanos”, afirma Heather. “Mas sim graças a uma enorme força exterior que era impossível combater.”

Quem eram os bárbaros

Os antigos romanos consideravam bárbaros todos os povos que viviam fora do limite do império. “Eles não sabiam ler, escrever e levavam uma vida simples”, diz Peter Heather. Havia vários desses grupos espalhados pela Europa, como os suevos, vândalos, ostrogodos, visigodos, francos, alanos e hunos. Estes últimos eram considerados os mais letais de todos os bárbaros. Seu maior chefe foi Átila. Após sua morte, em 453, os hunos foram dominados por outras tribos e desapareceram.

Como era a vida em Roma no século 5

Como uma grande metrópole de hoje, a Roma do século 5 era uma cidade pulsante, com 1 milhão de habitantes, repleta de palácios, templos e locais de diversão. Depois de um dia de trabalho, um romano típico ia dar uma espiada em uma das lutas no Coliseu. Até o final do Império Romano, no ano 476, o anfiteatro funcionou a todo vapor. Inaugurado por volta do ano 80 a.C., comportava até 55 mil espectadores. Calcula-se que 200 mil gladiadores tenham morrido ali. O Coliseu ficava no coração da cidade, ao lado do Fórum, onde se desenrolava a vida política, econômica e jurídica de Roma. O ritmo agitado do Fórum tinha como contrapartida as termas, onde a elite, formada por proprietários de terra e membros do governo, iam espairecer. A primeira delas, a de Caracala, foi construída no ano 217, e a de Diocleciano, em 298. Esses prédios grandiosos, muitas vezes com decoração primorosa, abrigavam não só o local para banhos, mas também bibliotecas, bares, barbeiros, ginásios para a prática de esportes e até galerias de arte. Depois de ler, conversar e se exercitar nas termas, o cidadão romano contava com o conforto de ter água corrente em casa – um luxo raro em outras partes do mundo. Mesmo no Brasil, no século 18, os moradores do Rio de Janeiro, então capital do país, tinham de percorrer longos caminhos para buscar água nos rios e fontes. Em Roma, já no ano 312 a.C., era inaugurado o primeiro aqueduto, o Aqua Appia, que levava água de fontes naturais de colinas próximas até a cidade. A vida religiosa também era importante em Roma, e os imperadores não hesitavam em mandar erguer templos. O mais famoso deles era o Panteão, com suas colunas de 43 metros de altura e o piso de mármore colorido. Inaugurado no ano 118 pelo imperador Adriano, o edifício sobreviveu aos ataques dos bárbaros e aos estragos do tempo. Os governantes também não pensaram duas vezes em fazer estradas pavimentadas por onde passavam as tropas. A primeira delas, aberta em 310 a.C., foi a Via Appia, onde até hoje estão as marcas das bigas romanas. Era por lá que as legiões entravam na cidade depois de uma batalha vitoriosa. Como a Via Appia, outros testemunhos da Roma antiga, como o Coliseu, as termas de Caracala, o Panteão e partes do Fórum, todos ainda de pé, ajudam a contar uma história que, quase 2 mil anos depois, ainda é fascinante.

Fonte:Carla Aranha.

 

 

O PODER DO SAL


 

O sal começou a ser explorado e utilizado para consumo humano há cerca de 10 mil anos, quando surgiram a agricultura, a pecuária e as primeiras comunidades rurais. Logo o ser humano percebeu que ele servia para conservar e realçar o sabor dos alimentos e que podia ser usado para curar feridas. Os romanos o associaram à deusa da saúde, Salus, em cuja homenagem lhe deram o nome sal.
Sob o Império, os soldados romanos recebiam parte de seu pagamento em sal – daí a palavra salário. Uma das estradas mais movimentadas era a Via Salária, rota por onde circulavam carros cheios dos preciosos cristais. Na África, onde hoje é a Mauritânia, mercadores trocavam sal por ouro – um peso pelo outro.

Atualmente graças a métodos físicos e químicos, o sal passou a segundo plano como conservante de alimentos. Mas até o final do século XIX era o único agente que preservava certos alimentos.

fonte: Superinteressante, jul. 1998. São Paulo: Abril, 1997. Gislane e Mauro. História. ensino médio. volume único

 

A POLÍTICA DO PÃO E CIRCO

 
A política do Pão e circo (panem et circenses, no original em Latim) como ficou conhecida, era o modo com o qual os líderes romanos lidavam com a população em geral, para mantê-la fiel à ordem estabelecida e conquistar o seu apoio. Esta frase tem origem na Sátira X do humorista e poeta romano Juvenal (vivo por volta do ano 100 d.C.) e no seu contexto original, criticava a falta de informação do povo romano, que não tinha qualquer interesse em assuntos políticos, e só se preocupava com o alimento e o divertimento.
 Com a sua gradual expansão, o Império Romano tornou-se um estado rico, cosmopolita, e sua capital, Roma, tornou-se o centro de praticamente todos os acontecimentos sociais, políticos e culturais na época de seu auge. Isso fez naturalmente com que a cidade se expandisse, com gente vindo das mais diferentes regiões em busca de uma vida melhor. Como acontece até hoje em qualquer parte do mundo, pessoas humildes e de poucas condições financeiras iam se acotovelando nas periferias de Roma, em habitações com conforto mínimo, espaço reduzido, de pouco ou nenhum saneamento básico, e que eram exploradas em empregos de muito trabalho braçal e pouco retorno financeiro.
 Esses ingredientes, em qualquer sociedade são perfeitos para detonarem revoltas sociais de grandes dimensões. Para evitar isso, os imperadores optaram por uma solução paliativa, que envolvia a distribuição de cereais, e a promoção de vários eventos para entreter e distrair o povo dos problemas mais sérios na fundação da sociedade romana.
 Assim, nos tempos de crise, em especial no tempo do Império, as autoridades acalmavam o povo com a a construção de enormes arenas, nas quais realizavam-se sangrentos espetáculos envolvendo gladiadores, animais ferozes, corridas de bigas, quadrigas, acrobacias, bandas, espetáculos com palhaços, artistas de teatro e corridas de cavalo. Outro costume dos imperadores era a distribuição de cereais mensalmente no Pórtico de Minucius. Basicamente, estes "presentes" ao povo romano garantia que a plebe não morresse de fome e tampouco de aborrecimento. A vantagem de tal prática era que, ao mesmo tempo em que a população ficava contente e apaziguada, a popularidade do imperador entre os mais humildes ficava consolidada.
 Para os espetáculos eram reservados aproximadamente 182 dias no ano (para cada dia útil havia um ou dois dias de feriado). Os espetáculos que foram se desenvolvendo em cada uma dessas férias romanas, tinham sua origem na religião. Os romanos nunca deixavam de cumprir as solenidades, porém não mais as compreendiam e os festejos foram deixando de ter um caráter sagrado e passando a saciar somente os prazeres de quem os assistia.
Fonte:Emerson Santiago 
 

RÔMULO E REMO




A história da fundação de Alba Longa é contada na obra Ab urbe condita (que quer dizer Desde a fundação da cidade), escrita pelo romano Tito Lívio no século I a.C. e mais conhecida atualmente como História de Roma.

Tito Lívio conta: Com a morte de Sílvio Procas, o décimo segundo rei de Alba Longa, seu filho mais velho, Numitor, que assumiu o lugar do pai, foi expulso do trono pelo irmão mais novo Amúlio. Com medo de perder o trono para os descendentes de Numitor, Amúlio matou o sobrinho Lauso e obrigou a sobrinha, Rea Sílvia a se tronar vestal (Sacerdotisa de Vesta, deusa romana do fogo e do lar. As vestais não podiam se casar).

Mas Rea Sílvia se uniu a Marte, deus romano da guerra, e deu a ele dois filhos gêmeos, Rômulo e Remo. Para puni-la, Amúlio ordenou que os recém-nascidos fossem colocados numa cesta e lançados no rio Tibre. A cesta, porém, encalhou numa das margens do rio e uma loba encontrou as crianças. Como ela acabara de perder seus filhotes, passou a amamentar Rômulo e Remo. Algum tempo depois, um pastor chamado Fáustolo encontrou os meninos e levou-os para casa, onde sua mulher os criou.

Estátua em bronze do século V a.C. Loba amamentando Rômulo Remo, símbolo da origem de Roma
Anos mais tarde, acusado de roubo, Remo foi capturado e levado à presença do rei Amúlio. Fáustolo, o pastor, resolveu então contar a Rômulo a história de sua origem. Rômulo foi até Alba Longa, libertou seu irmão, matou Amúlio e devolveu o trono a seu avô Numitor.
Os dois irmãos resolveram então fundar uma cidade, mas se desentenderam em relação ao melhor lugar para isso. Na luta que se seguiu, Rômulo matou Remo e fundou Roma, da qual se tornou o primeiro rei. Era o ano de 753 a.C..

 

 

TODOS OS CAMINHOS LEVAM A ROMA


 

Hoje em dia, os caminhos terrestres, aéreos ou marítimos levam viajantes a qualquer lugar. Porém, quando queremos dizer que todas as alternativas têm a mesma solução, dizemos que “todos os caminhos levam a Roma”. A tradição vem, é claro, dos tempos da antiga Roma, quando a cidade dos césares era o umbigo do mundo. “No século 1, quando o Império ia da Bretanha (na atual Inglaterra) à Pérsia (no atual Irã), Roma chegou a ter 80 mil quilômetros de estradas”, segundo pesquisa da historiadora Maria Luiza Corassin, da Universidade de São Paulo.

Mas as vias romanas não eram como as atuais, nem seus propósitos eram os mesmos. “Elas não se destinavam ao transporte de pessoas e cargas. Chamadas de cursus publicus, eram muito mais um meio de comunicação, por onde mensageiros levavam ordens de um canto a outro do império”, afirma Maria Luiza. Segundo ela, esse correio era tão eficiente que podia percorrer 270 quilômetros em um dia, marca que não foi superada na Europa até o século 19.


Com os romanos, a engenharia rodoviária atingiu o ponto máximo de eficiência e aprimoramento tecnológico da antiguidade. No auge do poder de Roma, foram construídos perto de 85.000km de estradas que ligavam a capital às fronteiras mais distantes do império. Irradiavam de Roma 29 grandes estradas militares, das quais a mais conhecida é a via Ápia, que se estendia por 660km. Há divergências sobre a origem dos métodos romanos de construção de estradas, mas é consenso que seus principais mestres foram etruscos do norte da Itália. Os romanos incorporaram também técnicas aprendidas de diversos outros povos, como os cartagineses, fenícios e egípcios.

As estradas romanas eram verdadeiros prodígios para a engenharia da época. Eles usavam pedras e cimento acomodados sobre leitos aplainados e aterrados. As vias eram traçadas sempre em linha reta e passavam por cima de lagos, pântanos e montanhas. As pedras para o calçamento tinha superfícies curvas para facilitar a drenagem, outra novidade para a época. Ao largo delas havia postos de parada e descanso para guarnições militares.

Decadência do sistema rodoviário

No auge do Império Romano, o comércio pelas rodovias ligava as culturas da Europa, norte da África, Anatólia, China e Índia. Mas esse sistema dependia dos impérios, principalmente o romano e, com seu declínio a partir do século IV da era cristã, as rotas comerciais tornaram-se os caminhos de invasão. Praticamente todas as redes rodoviárias sofreram um processo irreversível de decadência.

Testemunhas do poder, da tecnologia e do espírito conquistador dos romanos, essas estradas não resistiram, porém, às invasões bárbaras a partir do século 3. Anos depois da queda definitiva do Império Romano do Ocidente, em 476, as pedras cortadas e polidas com precisão foram utilizadas para erguer os castelos medievais.

Por volta do século XII, renasceu o interesse pela construção e manutenção das estradas, especialmente na Europa, mas a peste negra do século XIV e as contínuas guerras entre principados interromperam novamente o processo.

Os vestígios de algumas dessas estradas romanas ainda podem ser vistos na Bretanha, por exemplo, ou em Roma, onde a principal delas, a Via Ápia, ainda recebe todos os anos milhões de visitantes.

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O SURGIMENTO DO IMPERIO ROMANO


 

O surgimento do Império veio como consequência do esforço de expansão crescente de Roma durante os séculos III e II a.C.
Segundo alguns historiadores, a população sob o domínio de Roma aumentou de 4 milhões em 250 a.C. para 60 milhões em 30 a.C., o que ilustra como Roma teve o seu poder ampliado nesse período, de 1.5% da população mundial, para 25%.
Nos últimos anos do século II a.C., Gaius Marius transformou o Legião romana num exército profissional, no qual a lealdade dos soldados de uma legião era declarada ao general que a liderava e não à sua pátria. Este fato, combinado com as numerosas guerras que Roma travou nos finais da República (Invasão dos Cimbros e Teutões, Guerras contra Mitridates, rei do Ponto, entre outras, a culminar nas guerras civis do tempo de César e Augusto) favoreceu o surgimento de uma série de líderes militares (Sulla, Pompeu, Júlio César), que, apercebendo-se da força à sua disposição, começam a utilizá-la como meio de obter ou reforçar o seu poder político.
As instituições republicanas encontravam-se em crise desde o princípio do século I a.C., quando Lucius Cornelius Sulla quebrou todas as regras constitucionais ao tomar a cidade de Roma com o seu exército, em 82 a.C., para se tornar ditador vitalício de seguida. Sulla resignou e devolveu o poder ao senado romano, mas no entanto o precedente estava lançado.
Júlio César (100-44 a.C.).
Esta série de acontecimentos culminou no Primeiro Triunvirato, um acordo secreto entre César, Pompeu e Crasso. Tendo este sido desfeito após a derrota de Crasso em Carrhae (53 a.C.), restavam dois líderes influentes, César e Pompeu; estando Pompeu no lado do Senado, este declara César inimigo de Roma, ao que César respondeu, atravessando o Rubicão e iniciando a Guerra Civil. Tendo vencido Pompeu em Farsalia (Agosto 48 a.C.) e as restantes forças opositoras em Munda (45 a.C.), tornou-se efectivamente a primeira pessoa a governar unipessoalmente Roma, desde o tempo da Monarquia. O seu assassinato pouco tempo depois (Março 44 a.C.), às mãos dos conspiradores liderados por Brutus e Cássio, terminou esta primeira experiência de governo unipessoal do estado romano.
Por esta altura, já a República tinha sido decisivamente abalada, e após a derrota final dos conspiradores, o surgimento do Segundo Triunvirato, entre Octávio, Marco António e Lépido, e a sua destruição na Guerra Civil seguinte, culminando na decisiva Batalha de Actium (31 a.C.), deixou Octávio como a única pessoa com poder para governar individualmente Roma, tornando-se efectivamente no primeiro imperador romano, fundando uma dinastia (Júlio-Claudiana) que só a morte de Nero (68 d.C.) viria a terminar.
Uma vez que o primeiro imperador, César Augusto, sempre recusou admitir-se como tal, é difícil determinar o momento em que o Império Romano começou. Por conveniência, coloca-se o fim da República em 27 a.C., data em que César Augusto adquire este cognome e em que começa, oficialmente, a governar sem parceiros. Outra corrente de historiadores coloca o princípio do Império em 14 d.C., ano da morte de Augusto e da sua sucessão por Tibério.
Augusto (63 a.C.-14 d.C.).
Nos meios acadêmicos, discutiu-se bastante a razão pela qual a sociedade romana, habituada a cerca de cinco séculos de república, aceitou a passagem a um regime monárquico sucessório. A resposta centra-se no estado endêmico de guerra civil que se vivia nos anos prévios a Augusto e no longo reinado de quarenta e cinco anos que se seguiu, notável pela paz interna. Com a esperança de vida média em cerca de quarenta e cinco anos, à data da morte de Augusto, o cidadão romano médio não conhecia outra forma de governação e estava já preparado para aceitar um sucessor.
O reinado de César Augusto é considerado por todos os historiadores como um período de prosperidade e expansão. A nova estrutura política criada por Augusto designa-se por "principado", sendo o chefe do império designado por princeps civium (o primeiro dos cidadãos) e ao mesmo tempo princeps senatus (o primeiro do Senado). O termo princeps está na origem da palavra príncipe, que não era o título do chefe do Estado. O título era "César" e foi este que Augusto e seus sucessores adoptaram.
Augusto era também comandante-chefe do exército e decidia a guerra ou a paz e auto-nomeou-se "tribuno por toda a vida". Augusto, que não era especialmente dotado para a estratégia, mas tinha bons generais como Agripa na sua confiança, anexou oficialmente o Egipto, que já estava sob domínio romano havia 40 anos, toda a península Ibérica, a Panónia, a Judeia, a Germânia Inferior e Superior e colocou as fronteiras do Império nos rios Danúbio e Reno, onde permaneceram por 400 anos.
O império que Augusto recebeu era vasto e heterogêneo, com várias línguas e vários povos. O grego era a língua mais falada nos territórios orientais, e o latim progredia pouco nestes territórios, mas nos territórios ocidentais era a língua mais falada. Augusto passou a tratar todos os habitantes do império como iguais e visitou várias zonas para verificar quais os problemas de cada província, assim estas floresceram e atingiram o máximo do seu desenvolvimento.

Fonte:Valter Pitta

sábado, 2 de agosto de 2014

A REPÚBLICA DE ROMA


A REPÚBLICA DE ROMA

O período republicano marca o fim da monarquia, com o golpe político encabeçado pelos senadores romanos. Pertencentes à classe patrícia, esses senadores foram os responsáveis por uma reforma política que centralizou o poder político nas mãos da aristocracia romana. Porém, ao longo do tempo, com a deflagração das revoltas plebéias, as instituições políticas de Roma foram obrigadas a acolherem esse grupo social.

Os magistrados foram um novo grupo que auxiliava o Senado no desempenho das tarefas político-administrativas de Roma. Os magistrados tinham grandes atribuições e podiam ter cargos que diferiam em função da tarefa desempenhada. No topo das magistraturas estavam os cônsules. Eram dois magistrados que tinham por obrigação presidir as sessões senatoriais e assembléias. Eles também comandavam os exércitos e conduziam os cultos públicos.

Os pretores eram os magistrados que tratavam das questões jurídicas. Esses eram divididos em pretores urbanos, responsáveis pela justiça na cidade, e os pretores peregrinos, que tratavam da justiça no meio rural e entre os estrangeiros. Exercendo um cargo temporário (5 anos), os censores deviam contar a população e classificá-la de acordo com seu nível de renda. Além disso, podiam conduzir trabalhos públicos e vigiar os cidadãos romanos.

O edis tinham funções diversas. Podiam ser responsáveis pela preservação da cidade de Roma, pelo abastecimento e o policiamento da população. Os questores eram uma classe de magistrados que tratava das finanças de Roma. Cuidavam dos recursos financeiros depositados no Templo de Saturno e eram consultados pelos cônsules na administração das verbas públicas e no gasto com campanhas militares. Uma última magistratura criada em Roma foi a dos Tribunos da Plebe. Eles podiam vetar qualquer lei que ferisse os interesses dos plebeus, exceto em tempo de guerra ou na vigência de uma ditadura.

Ao logo dos séculos V e III a.C., o problema do sistema político excludente concebido pelos patrícios foi alvo de intensa recriminação por parte dos plebeus. Sendo uma classe social de composição mista, a condição do plebeu podia variar desde a de um rico comerciante, indo até a um simples trabalhador livre. Em uma série de revoltas que aconteceram nesse período, os plebeus conseguiram direito de participação política dentro de Roma. Com o advento das revoltas plebéias acabaram conseguindo a aprovação de várias reformas em forma de lei.

Sob o aspecto político-militar, Roma empreendeu um projeto expansionista que já no século III a.C. fez com que toda Península Itálica estivesse sob controle romano. Com o advento da guerra contra os cartagineses, Roma pôde empreender o início de um projeto de expansão que colocou toda região próxima do Mar Mediterrâneo sob o seu controle. Essa expansão territorial ocasionou profundas transformações para Roma. O enriquecimento dos patrícios, a proletarização dos plebeus e ascensão dos generais levaram novas questões à tona.

Nesse contexto, a exigência por reformas agrárias, propostas pelos irmãos Graco (II a. C.), eclodiram uma tensão social que envolvia a situação de penúria dos pequenos proprietários e a ganância dos patrícios. Na passagem dos séculos II e I a.C., as tensões sociais perduraram e as ditaduras ganharam espaço. Mário e Sila foram os grandes ditadores da época. O primeiro aspirando à ampliação dos direitos plebeus, e o último mantendo o poder da aristocracia. Com a manutenção da instabilidade político social, os generais romanos passaram a aspirar maior participação política.
Os triunviratos foram uma experiência política em conseqüência da ascensão dos generais romanos. O Primeiro era formado por Júlio Cesar, Pompeu e Crasso. Com a morte de Crasso, Julio César empreendeu uma guerra contra Pompeu. Vencendo o conflito, Julio César buscou a condição política de ditador. Logo em seguida, o segundo triunvirato foi composto por Marco Antônio, Otávio e Lépido. Nessa última versão, o triunvirato se esfacelou mediante a ascensão militar de Otávio, primeiro imperador de Roma.
Fonte:Rainer Sousa

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PROF. CARLOS OLIVEIRA

ROMA ANTIGA


ROMA ANTIGA

Roma, capital da Itália, é uma das principais cidades do mundo. Nela o passado
e o presente se misturam. Ao mesmo tempo que é uma das capitais da moda e dos grandes estúdios de cinema, é também o local onde estão as ruínas do Circo Máximo, do Coliseu e do Fórum, monumentos que documentam o passado glorioso da cidade.

Roma está situada na península Itálica, uma faixa de terra, em forma de bota, que avança pelo mar Mediterrâneo. Ao norte, a península é limitada por um conjunto de montanhas, os Alpes; a leste, é banhada pelo mar Adriático; a oeste, pelo mar Tirreno; e ao sul, pelo mar Mediterrâneo.

As fontes arqueológicas de que os historiadores dispõem revelam que o território onde Roma surgiu era, no início, ocupado por pastores que construíram suas aldeias no alto das colinas de Lácio. Por volta do século VIII a.C., essas aldeias se uniram formando a Liga das Sete colinas, com o objetivo de se protegerem dos sabinos, um povo estranho ao Lácio, Da união dessas aldeias surgiu a cidade de Roma.

Uma origem envolta em lendas

Os gregos costumavam explicar a origem de suas cidades recorrendo à mitologia. Os atenienses diziam que Atenas tinha sido fundada por Teseu, herói que teria matado o Minotauro, monstro com corpo de homem e cabeça de touro que vivia no labirinto de Creta.

Da mesma forma, os romanos associavam a fundação de Roma a um herói lendário, um semideus chamado Enéias, filho de um pobre pastor, Anquises, e da deusa Vênus. Enéias era o último sobrevivente da Guerra de Tróia.

Para os romanos, era bom descender dos troianos porque eles eram vistos como bravos guerreiros, que resistiram a dez anos de cerco imposto pelos gregos à sua cidade. Atribuir a fundação da cidade a um deles ou a um de seus descendentes, significava dar a Roma uma origem gloriosa.

Segundo a Ilíada, a Guerra de Tróia foi vencida pelos gregos que entraram na cidade utilizando um estratagema proposto por Ulisses, rei de Ítaca, ilha que fazia parte da Grécia. De acordo com o plano de Ulisses, o exército de Agamenon fingiu se retirar, mas deixou em frente ao portão de Tróia um gigantesco cavalo feito em madeira com soldados em seu interior. Ao mesmo tempo, foi enviada uma mensagem aos habitantes da cidade: o cavalo – animal sagrado para os troianos – era um presente do exército que se retirava.

Acreditando na boa-fé do inimigo, os troianos arrastaram o cavalo para o interior das muralhas e promoveram uma grande festa para celebrar o fim da guerra. À noite, enquanto os troianos se embriagavam, os soldados gregos saíram do cavalo e abriram os portões de Tróia para o exército de Agamenon. Uma vez dentro da cidadela, os soldados de Agamenon passaram a fio de espada centenas de troianos, seqüestraram e escravizaram suas mulheres, devolveram Helena a seu marido, o rei de Esparta, Menelau, e puseram fogo ao que restava de Tróia.

No meio da noite, apenas um pequeno grupo de troianos escapou da cidade em chamas. O líder desse grupo era Enéias.

Os reis de Roma

Conta-se que Roma teve sete reis – quatro romanos e três etruscos. No tempo dos reis, a cidade era apenas o local onde ficavam os templos religiosos, o palácio real e onde os chefes das famílias para discutir assuntos de seu interesse.

Por volta de 650 a.C., os etruscos invadiram e conquistaram Roma e, em seguida, empenharam-se na sua  modernização: drenaram pântanos, construíram redes de esgotos, altas muralhas e uma ponte ligando as duas margens do Tibre. Incentivaram também o artesanato em cerâmica e bronze e ativaram o comércio interno.

Os reis de Roma governavam a cidade com o auxílio do Senado (formado pelos chefes das principais famílias) e de uma assembléia. Já naquele tempo, as diferenças sociais eram acentuadas. Os patrícios, descendentes  das famílias mais antigas da cidade eram os donos das maiores e melhores terras e o únicos a possuir direitos políticos.

Os plebeus eram em grande parte descendentes dos povos vencidos. Trabalhavam como pequenos agricultores, artesãos ou mercadores. Não tinham direitos e podiam ser escravizados por dívidas.

Alguns plebeus eram clientes das famílias patrícias, ou seja, prestavam serviços a elas e recebiam em troca proteção e auxílio.

No tempo da Monarquia, o número de escravizados em Roma era pequeno: eram prisioneiros de guerra, filhos de pais escravizados ou pessoas condenadas pela justiça.

Para se fortalecerem, os reis etruscos procuraram diminuir o poder dos patrícios, apoiando-se nos plebeus. Os patrícios reagiram promovendo uma revolta que derrubou o último rei etrusco de Roma, Tarquínio, o Soberbo, e fundaram a República romana em 509 a.C.

fonte: História Sociedade & Cidadania – Alfredo Boulos Junior

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